A Tua Riqueza e a do Outro

Os temas da distribuição da riqueza, da justiça e igualdade social têm sido um dos mais importantes tópicos de debates do mundo acadêmico como um todo. Marxistas, capitalistas, liberais e estadistas revezam-se no domínio destes debates, quase sempre, para controlar a verdade.

Devemos admitir, para começar a pensar no assunto da riqueza disponível neste mundo, que o grande problema dos desequilíbrios sociais e da falta de soluções para os mesmos, está no egoísmo do coração humano e no seu desejo de se sobrepor ao outro.

Quando olhamos para a Bíblia e observamos os seus conselhos sobre a ideia de justiça social, logo perceberemos que a base bíblica para a nossa relação com a riqueza disponível e o próximo é o “amor”: “Ora, se alguém possui recursos deste mundo e vê seu irmão passar necessidade, mas fecha o coração para essa pessoa, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.17).

A justiça é o modo de vida esperado por Deus para o homem e este é um dos temas centrais da Sagrada Escritura. Há na Lei, nos profetas e em particular nos Salmos, uma consideração imponente sobre o valor da justiça, como um modo de se viver aprazível, que agrade a Deus.

No que tange ao modo como pessoalmente lidamos com a riqueza, a Bíblia traz algumas premissas que nos servem de reflexão hoje. Em primeiro lugar, a Escritura identifica toda a riqueza como tendo origem no Criador. Ele criou todas as coisas e tudo o que há no mundo de riqueza disponível, minérios, bio diversidade, potenciais hídricos, eólicos etc, tudo tem como sua fonte Deus: “Riquezas e glórias vêm de ti” (1Cr 29.12a).

Deus nos oferece seus bens como forma de que nos tornemos seus mordomos e partícipes, portanto do seu próprio amor. Deus nos chama a cuidar do outro, na medida em que o outro tem necessidade de nossas próprias riquezas: “Em verdade lhes digo que, sempre que o fizeram a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25.40).

Toda a riqueza que nos é dada deve ser considerada como demonstração de amor de Deus, quer porque, através delas, Ele cuida de nós, quer porque, deseja que sejamos seus instrumentos de um amor que alcança o próximo. Em ambos os casos, somos privilegiados, por que nossas riquezas são a riqueza do outro. Louvado seja Deus!

Rev. Mauricio Nepomuceno
Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana do Tatuapé

2024, Igreja Presbiteriana do Tatuapé